Zumbido no ouvido. O que é, e como fugir desse mal?
O zumbido é um assunto recorrente aqui na Technoear e pode ser mais comum até do que algumas doenças bem conhecidas. Você sabia que o Zumbido não é uma doença e sim um sintoma?
Nesse artigo, nossa Fonoaudióloga Agnes Santos explica de forma simples o que é o zumbido, quais suas causas, os tratamentos mais indicados e ainda dá dicas práticas para esse incômodo diário.
O que é o zumbido?
O zumbido é uma sensação de som que algumas pessoas escutam no ouvido ou na cabeça, isto é, trata-se de uma percepção de som sem que um som externo exista.
Como o zumbido pode ser definido?
O zumbido pode apresentar variações quanto ao tipo de som, frequência na percepção e gravidade.
Quanto ao tipo de som, os indivíduos que apresentam zumbido no ouvido, definem como:
- Barulho no ouvido
- Chiado na cabeça
- Som de cigarra
- Barulho de chuva
- Estalos
Em relação à frequência na percepção, alguns indivíduos percebem episódios intermitentes, que duram alguns instantes ou algumas horas; ou ainda a percepção constante, sem alívio.
Quanto à gravidade, existem indivíduos que não referem incômodos significativos, enquanto outros relatam que o zumbido influencia negativamente na qualidade de vida, podendo atrapalhar até mesmo o sono.
Quantos sofrem com zumbido no mundo todo?
Em algum momento da vida, a maioria das pessoas poderão experienciar o zumbido, pois ele pode ser consequência de exposição a ruídos altos, como em um show por exemplo. Sendo que nesse contexto o zumbido pode se manifestar e desaparecer espontaneamente.
No entanto, existem situações que o zumbido não desaparece espontaneamente. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) 278 milhões de pessoas no mundo e cerca de 28 milhões de pessoas no Brasil tem zumbido. Estudos mostram que a população com zumbido ultrapassa a população que tem diabetes ou asma, por exemplo.
A maioria das pessoas que tem o zumbido convivem com o problema sem grandes incômodos. Porém em torno de 10-15% dessa população apresentam dificuldade para se concentrarem, evitam exposições sociais e/ou apresentam ansiedade e depressão. E ainda, em torno de 5% apresentam zumbido incapacitante.
Quais as causas do zumbido?
O zumbido não é uma doença e sim um sintoma como mencionamos anteriormente; é o corpo alertando que algo que não está bem.
Existem diferentes teorias sobre as causas do zumbido. Uma teoria bastante aceita entre os estudiosos relata que o zumbido ocorre devido à uma atividade espontânea no sistema auditivo e associam com as células ciliadas da cóclea.
Atividade espontânea
A explicação é a seguinte: na cóclea (localizada no ouvido interno) existem as células ciliadas internas e externas, que são responsáveis pela nossa audição. A principal função das células ciliadas internas é transmitir o som ao cérebro para ele processar e compreender a informação sonora. Em contrapartida umas das funções das células ciliadas externas é evitar que as células ciliadas internas enviem informação sonora ao cérebro sem que haja um som existente.
Devido sua localização na cóclea, as células ciliadas externas ficam mais expostas e assim mais suscetíveis a serem lesionadas. Quando acontece a lesão das células ciliadas externas, o bloqueio para evitar que as células ciliadas internas enviem o estímulo para o cérebro deixa de existir, resultando em um ressoar no cérebro.
Causas de saúde geral
Apesar de 80-85% das pessoas que têm incômodo com zumbido apresentarem perda auditiva, a causa não se restringe apenas aos problemas auditivos, podendo estar relacionado a saúde geral do indivíduo.
Além da perda auditiva, podemos citar como problemas auditivos:
- Doenças do labirinto
- Acúmulo de cera nos ouvidos
- Problemas do nervo auditivo
- Perfuração do tímpano
Entre as causas de saúde geral, temos:
- Doenças cardiovasculares
- Alterações hormonais
- Diabetes
- Problemas odontológicos
- Problemas emocionais
- Uso de alguns medicamentos específicos
- Alimentação inadequada (abuso de cafeína, álcool, tabaco, açúcar, sal, gorduras) etc.
Ciclo vicioso
Além das causas citadas acima, pode acontecer o que chamamos de ciclo vicioso.
Cada indivíduo tem uma reação para o zumbido. Quando o zumbido é ignorado, ele irá se misturar aos sons ambientais e deixa de ser prioridade.
Quando ele é priorizado, se torna o foco e o cérebro aprende a manter o foco nele. Sendo assim, outras partes do cérebro podem ser afetadas, como o sistema límbico (responsável pelas emoções) e o sistema nervoso autônomo (reações físicas e corporais).
Assim, quando o zumbido é percebido, ele desencadeia emoções como medo, infelicidade, etc e por sua vez causam reações físicas como ansiedade e estresse e então o zumbido é reforçado.
Quais os tratamentos para o zumbido?
A dificuldade para identificar a origem do problema criou o mito de que não há tratamento eficaz para o zumbido. Porém uma avaliação criteriosa conduzirá para o tratamento adequado.
Existem casos em que o zumbido é eliminado e outros em que é possível atenuá-lo obtendo alívio e melhor qualidade de vida para o indivíduo.
Dessa forma, o tratamento do zumbido irá depender das causas do aparecimento do mesmo; sendo portanto, personalizado e voltado para as necessidades pessoais de cada caso.
Como descrito anteriormente, a maioria das pessoas que têm zumbido apresentam perda auditiva. Dessa forma, é importante afirmar que uma vez que seja detectada uma perda auditiva, o uso do aparelho auditivo é essencial, pois além de melhorar a capacidade de ouvir, o enriquecimento sonoro poderá diminuir a percepção do zumbido.
Além disso o mercado de aparelhos auditivos conta com tecnologias que auxiliam na habituação do zumbido, como o gerador de som.
Terapia sonora
Existem diferentes planos de tratamento e, um deles bastante reconhecido é a Terapia Sonora, na qual é utilizada um dispositivo gerador de som.
Esse gerador de som é configurado em um volume para mascarar parcialmente o zumbido. O objetivo é dificultar a detecção do zumbido pelo cérebro.
Nesse sentido podemos usar a analogia da vela acesa. O contraste da vela acesa em um ambiente escuro, faz com que ela seja o foco. Porém, a mesma vela em um ambiente iluminado, ela se mistura ao meio, dificultando a percepção da chama. Sendo assim, o objetivo da terapia sonora é ensinar ao cérebro que o zumbido é um som sem importância.
Essas são ferramentas para serem usadas no tratamento do zumbido. Lembrando que o tratamento será específico para cada caso.
Também é importante salientar que os resultados dos tratamento levam tempo e demandam paciência.
Quais são os profissionais adequados para tratar o zumbido?
Tão logo perceber o zumbido é necessário procurar o médico otorrinolaringologista para realizar as orientações necessárias e informar quanto às opções de tratamento disponíveis.
Como mencionado anteriormente, o zumbido é multifatorial. Sendo assim, a maioria dos casos exigem uma equipe multidisciplinar com: fonoaudiólogo, dentista, psicólogo, psiquiatra, nutricionista . Assim, esses profissionais atuam em conjunto, oferecendo experiência e conhecimentos únicos, para traçar o melhor plano de tratamento e consequente alívio do zumbido.
Quanto antes iniciar o tratamento, maior a chance de sucesso.
Dicas práticas para melhorar os sintomas dos zumbidos
Todos sabem que a poluição sonora contribui muito para o aparecimento dos zumbidos e é bom evitar.
Veja abaixo algumas dicas de comportamentos e hábitos que podem contribuir para amenizar o zumbido:
- Procure aconselhamento e apoio;
- Use protetor de ouvido ao se expor a ruídos intenso, pois níveis intensos de ruído podem causar danos às células do ouvido e intensificar o zumbido;
- Evite usar fones de ouvido, ou tenha cuidado ao usá-lo, evitando o uso contínuo;
- Tenha bons hábitos alimentares, pois estudos revelam que consumo excessivo de sódio, cafeína e açúcar podem piorar a percepção do zumbido;
- Beba bastante água para se hidratar e eliminar as toxinas do corpo.
- Faça atividade física regularmente;
- Faça atividades relaxante para aliviar o estresse e ansiedade;
- Faça atividades prazerosas no dia a dia;
- Evite o silêncio, enriquecendo o ambiente sonoro com sons suaves e agradáveis.
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Foi muito esclarecedor. Muito obrigadas.
Nós que agradecemos o retorno Maria Antônia!
Boa noite. Ótima reportagem. Foi de grande valia. Obrigado.
Muito obrigado pelo comentário Aparecido. São leitores como você que nos motivam a continuar compartilhando nossas experiências e conhecimentos.